28/05/2012

Das relações passadas...

... não mais falarei às relações presentes.

Refiro-me especificamente a relações sentimentais.

Acontece que, na fase do conhecimento mútuo, acaba-se por se partilhar alguns aspectos das relações que já se teve, nomeadamente algumas lições que se tiraram delas. E nessa fase, a opinião de quem ouve é quase sempre algo do género "mas como é que aceitaste uma situação dessas?" ou "daquilo que conheço de ti, não me pareces nada pessoa de fazer durar uma relação assim...", ou ainda "não mereces nada que te façam algo assim..."

Pois é meus amigos, o engraçado é quando vou a dar conta, parece tudo passado a papel vegetal: ali com umas certas diferenças, mas o resultado vai dar no mesmo.

Ao que parece, o que dá mesmo jeito é ter uma amiga.

Então sejamos sinceros desde início, como tanto gosto de frisar e como sempre concordam na importância da sinceridade.

Vai-se a ver e o meu conceito de sinceridade alterou com o novo acordo ortográfico e sou a única que anda enganada. (isso sem dúvida!)

E depois vem a história "não és tu, sou eu... tu mereces muito mais..."

Ora façam-me um favor e vejam lá se chegam a essa conclusão logo ali pelo primeiro ou segundo encontro, sim?

Das memórias...

... dos que partem, li algures que a primeira coisa que esquecemos é a voz. E a verdade é que, por muito que me custe admitir, já não me recordo da voz da minha mãe, volvidos 20 anos da sua partida. Durante um tempo mantive uma gravação de uma cassete onde estava registada a voz dela, numa altura em que eu gravava as músicas directamente da tv para o gravador e ela irrompeu pela sala nesse preciso momento, a chamar pelo meu nome. Enquanto o rádio-gravador permitiu, ouvi esse pedaço da cassete vezes sem conta... Mas chegou o dia em que o rádio avariou e não tive mais como ouvir a voz dela. De qualquer modo, a fita já estava toda torcida, de tanto andar para trás e para a frente, naquele pedaço...

Tudo isto para dizer que, há dois dias, cruzei-me com uma vizinha da minha avó, com a idade aproximada da minha mãe, que me cumprimentou e à qual respondi, obviamente... O olhar surpreso dela, na minha direcção deixou-me intrigada, mas o que ela disse a seguir fez-me sorrir: "tens a voz igual à da tua mãe!"

E vim a sorrir no restante caminho até casa. Lá chegada, olhei no espelho, para uns olhos também herdados dela, e disse baixinho: "se te quiser ouvir, basta só falar contigo..."

E tanto que falo contigo.