20/03/2013

DAS PERDAS #5

Tenho lido, por essa net'afora, que isto de ligar pessoas a músicas pode correr mal, sob pena de se tornar díficil ouvir esta ou aquela música, depois desta ou daquela pessoa ter-se afastado de nós, da nossa vida, do nosso convívio...
Mas é díficil para mim estabelecer essa separação, porque a minha vida e a música andam de mãos dadas, para não dizer seladas.
Há uma música para quase cada momento da minha vida. Muitas músicas que recordam esta ou aquela pessoa. Muitas músicas mais para locais ou ocasiões especiais e únicos.
Não sei viver de outro modo. A música faz parte de mim.
Mas têm toda a razão. Para além das perdas pessoais e espirituais, há uma necessidade autêntica de fazer um luto a esta ou aquela música. Tenho músicas que ressaquei por muito mais tempo do que me demorou a ressaca da pessoa em si. E é sempre triste esse afastamento de algo que me faz feliz devido a algo que, de alguma forma, me feriu ou me traz memórias menos felizes.
E agora adoptei um tratamento choque para isto: assim que passa ali a fase da negação (chegada a fase da ira), ouço as músicas em loop, até à exaustão. 
Obviamente que irei ligar sempre a música à pessoa ou à situação, mas há um leveza tão grande quando voltamos a cantá-la sem a garganta apertar e os olhos arderem...




2 comentários:

Carla disse...

Eu sou assim, esgoto as músicas até não perceber o que me levou a gostar delas.

Anita disse...

Eu não chego a essa fase de não saber o porquê de não ter gostado delas. Acabo é por saber lidar com o que me levou a não gostar delas, o que implica que tudo vai doendo menos.